quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O Espírito

Um espírito vaga pela porta da minha casa. Ele declama poemas, assovia músicas e murmura sobre a o quão ruim era a vida que tinha. 
Ele não é como certos espíritos que só aparecem à noite. Em pleno calor do meio-dia lá está ele, fazendo cerão a minha porta e contando versos de Àlvares de Azevedo para quem pudesse ouvir. Aparentemente só eu o ouvia.
Certo noite eu estava sem sono e resolvi procurar algum programa de TV para assistir na sala. Liguei a televisão e deitei-me no sofá. Eu estava pegando no sono quando de repente o espirito murmurador começou a cantar uma música triste, que falava de um alguém que havia morrido. A letra da música parecia uma biografia, seguia uma sequencia cronológica, mas nenhuma das historias citadas na canção eram felizes.
De repente o espírito parou de cantar. Alguns minutos depois ele começou a murmurar, então deixei de prestar atenção. Não dava para entender.
Então o espírito começou a falar alto e eu comecei a prestar atenção novamente. Comecei a ver que o espírito estava me descrevendo, falando de todas as minhas características; ele suspirou e depois falou algo que era direcionado a mim:

Eu te invejo. Eu te invejo de verdade!
Até agora, a única diferença entre nós é que você está vivo. 
Levante! Você ainda tem tempo de fazer a diferença.

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